quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Vidas e mais vidas...

Vejo o mundo a girar à minha volta, entro todos os dias por volta das 9h /9h30, na verdade tenho alguma dificuldade em cumprir este horário de entrada (9h) dou por mim a pensar quem me pode condenar? Eu própria porque quero sempre melhorar e não consigo, a verdade é que penso entro todos os dias a esta hora e saio por volta da 1h da manhã quando não é mais tarde, esta noite sai perto das duas e pensei como é que é possível manter a sanidade mental depois de horas e horas de trabalho, vivemos num mundo cão, na verdade nunca ninguém disse que era fácil, é preciso resistir, mas a questão é; é preciso resistir, ou é preciso lutar para não ter de resistir... Por vezes dou por mim a pensar o que é certo e o que é errado trabalho com cerca de 15 pessoas ligadas directamente à minha área, acho que a única que não se resigna, sou eu? A verdade é que falo e tento lutar contra o sistema, não que eu seja contra trabalhar nada disso e a prova disso foi o que fiz da minha vida, mas porque sou contra o mau estar social, quero com isto dizer que a partir do momento quem trabalhas cerca 16 horas por dia incluindo sábados e domingos, de certo alguma coisa terá de ficar para trás, a vida social, o prazer de estarmos sozinhos, as aventuras, conquistas e amores, nada se faz sem dedicação e tempo e quando trabalhamos todas estas horas existe sempre algum dia e alguma hora que acordamos e vemos o que está lá fora, fora do nosso circulo, do nosso circuito laboral... Acho que devemos trabalhar, entregarmo-nos ás causas, mas nunca nos devemos esquecer que uma das grandes causas é a nossa vida a nossa própria vida, que também ela precisa de mimos e atenção, tudo se quer com conta peso e medida o problema claro está em encontrar a dose certa dessa mesma medida que na verdade nunca existirá terá sim de existir um grande equilíbrio para sabermos ao certo quando é preciso dar mais de uma lado do que de outro sem prejuízo de ambas as partes... Há dias uma colega que se foi embora dizia que tinha tantos problemas como nunca tinha tido, ela trabalhava comigo, trabalhava tantas horas quanto eu, na verdade não tinha tempo para pensar, aliás sou pessoa para dizer que ela própria trabalhava para não pensar, quando decidiu que era impossível continuar assim, arranjou um novo emprego, e quando lá chegou não era nem preciso trabalhar dezasseis horas por dia, sinónimo que lhe sobraria o tempo que em oito anos não teve, o que lhe aconteceu? Não soube lidar com isso, percebeu que está sozinha, que possivelmente não sabe viver sozinha, que os amigos tomaram rumos diferentes e que têm vida pessoal, percebeu tanto como; “estive cinco anos a hibernar no que toca à minha vida pessoal... os amigos que tem são os que deixou no emprego que deixou, que na verdade não lhe podem dar uma grande atenção afinal eles ficaram e a vida aqui continua a mesma de sempre trabalho, trabalho e mais trabalho, ao ponto de ficares feliz com as 4 horas que dormes por noite... Claro está que existe de tudo, existem aqueles que ficam, e querem ficar mais até não poderem, pergunto-me o que pensam estas pessoas fazer da sua vida, quem sai durante meses e meses ás 4 da manhã e dorme cerca de 3 horas por noite, será que pode dar um rendimento assim tão bom, e o que está a fazer ao seu corpo e mente, e mais, e o que está a fazer à sua vida pessoal, bem na verdade a ambição torna-se de tal forma desmedida que as pessoas perdem por completo o equilíbrio de um todo, tenho neste momento colegas que têm as suas relações em risco, porque na minha opinião e venha quem vier uma coisa é pedir-se compreensão para 1, 2, 3 meses outra coisa é pedir-se a alguém que espere por nós indefinidamente, pessoa essa que só vemos ao deitar e ao levantar e quando vemos, e para quem vê, como será óbvio deixa de haver diálogo, tempo, dedicação, e de alguma forma ninguém é de ferro e aguenta sem queixar, resumindo as relações enfraquecem ficam tremidas e depois é o próprio tempo a dar cabo delas, engraçado é quando olhamos à nossa volta gente que apesar de trabalhadora se sente cansada, carente, e que acabam por buscar afecto e consolo no colo uns dos outros, porque afinal quem melhor do que aqueles que fazem o mesmo que nós para nos compreenderem? Vejo as pessoas a caírem ao pedaços, é a colega que teve uma dor no peito, a outra que lhe uma forte dor de cabeça, a outra que adormeceu ao volante, a outra que anda triste mas não consegue fazer nada para contrarias o fim do namoro, o outro que sabe que a namorada espera por ele mas embeiçado por uma colega deixa-se ficar, a outra que sai a horas pois tem a sua vida e, e os que ficam que se desenrasquem, os que aguentam mais um pouco e os que na verdade apenas sobrevivem, os que tem saudades dos maridos mas que nada fazem para compensar, enfim a vida não é fácil, ninguém disse que o era, mas na verdade acho que somos nós como seres humanos que muitas vezes ainda conseguimos torná-la ainda mais difícil... Olho para mim e penso, adoro o que faço é verdade, mal me aguento de pé, o cansaço apoderou-se de mim do meu corpo da minha alma, tenho alturas que acho que não aguento mais que preciso de dormir, que estou quase por um fio, que preciso de espaço e tempo para mim, que preciso de espaço e tempo para nós, que preciso,... Mas depois oiço uma voz, “vai correr tudo bem” e isso alivia-me sei que está ai alguém, que se preocupa comigo, que me ouve completamente eléctrica quando saio do serviço ás duas da manhã, e que ouve os meus desabafos... acho que já nem sei passar sem isso J ainda não sai à porta e já estou de auricular no ouvido, à espera de contar mais um dia de aventuras e desventuras de alegrias e tristezas, e quem me atende do outro lado és tu... Adoro quando dizes, eu espero por ti, mesmo quando sei que o sono se apoderou de ti, mas fico de coração cheio por saber que está alguém ai, que ouve as minhas palhaçadas e resmunguices, que me acompanha até à cama e que desliga assim que o sono chega... Se custa viver desta forma, trabalhar horas sem fim, estudar, cuidar da nossa própria vida de forma integral e sozinhos com todas as condicionantes? Claro que sim que custa, mas na verdade ultimamente tem um sabor especial... E é desse sabor que eu tenho medo, desse sabor doce, que me aquece a alma, mas que me provoca medo, medo da entrega, da verdadeira entrega sem limites,...