terça-feira, 21 de agosto de 2007

Viagem...

A manhã é extremamente inspiradora, começo a não ter dúvidas disso... Peço todos os dias ao deitar que algo ou alguém superior a mim, que me guie em meu caminho que me afaste dos que não me querem bem, e que traga até mim todos os seres de luz, aqueles que passamos uma vida a procurar e que por vezes são tão difíceis de achar... Estava eu a tomar banho quando de repente me lembrei da melhor comparação que eu podia fazer a mim mesma, aos meus sentimentos, e à minha vida actual... Sou como um passageiro que viaja num comboio, numa daquelas viagens sem fim rumo ao destino desejado, mas como passageiro que sou o meu destino é sair numa das paragens, o problema é quando passamos a vida a sair e a entrar como se de um turbilhão de sentimentos se tratasse... Dentro do comboio sinto-me segura nada nem ninguém me pode fazer mal, mas não posso ficar lá eternamente, eu sou vida e parte integrante da mesma, os casulos foram feitos para as pessoas crescerem ou se regenerarem, não para vivermos neles... E nesta minha viagem de comboio tenho alturas em que saio para espreitar o mundo e deparo-me com os medos, com o anseio de liberdade mas e o que isso me pode custar, impressionante não é...?, quando olhamos para trás na paragem anterior tivemos anseio de ser felizes, mas a vida nem sempre é como desejamos e assim não sendo voltei ao meu casulo ao meu comboio, com a reprogramação mental que na próxima paragem apenas sairia para espreitar para visitar e nunca para me instalar... mas a verdade é que por vezes ficamos a admirar tanto a paisagem que o comboio parte e nós ficamos, e ao ficar-mos, estamos sujeitos ás intempéries da vida, ás vezes pergunto-me porque temos de partir do pressuposto que tudo será mau?... foi numa dessas paragens que descobri o porque? Porque é mais fácil imaginar-mos à partida que tudo vai correr mal, do que sonhar-mos que tudo poderá correr bem... É a dualidade do ser humano, ouve alguém que fez parte da minha vida que uma vez me disse “...quando por vezes temos tudo o que desejamos, é quando lhes damos menos valor e ai acabamos por perder...” é bem verdade acho que por isso quando as pessoas “traem” tem uma expressão muito comum que é “... Ele ou ela era a mulher ou o homem da minha vida...” irónico não? Afinal porque não sabemos dar valor ás coisas quando as temos, só quando as perdemos?!... Faz-me pensar que como seres humanos não somos de facto muito “inteligentes”... Algo que sempre fiz em algumas paragens em que sai, foi dar sempre valor ao que tinha... mimar, cuidar, reparar as feridas, fazer com que as coisas proliferassem, regar, por adubo... mas é cansativo termos de trabalhar sozinhos para algo que não é só nosso, e então lá volto a apanhar o comboio... Dentro do meu comboio aprendi a viver sozinha, a saber que sozinha, só eu me poderia magoar, que sozinha o mundo era meu e não nosso, aprendi que sozinha o tempo é só meu, aprendi a chorar sem pedir licença a amar-me de verdade e gostei, gostei muito na verdade, porque sou eu que controlo o meu tempo a minha vida e o meu espaço... Quando deixamos que alguém invada o nosso espaço, que nos puxe para fora dessa carruagem, que entre dentro de nós, que agarre os nossos sentimentos como se fossem deles e nos deixamos invadir pela sensação de que não estamos sozinhos, que existe alguém que gosta de nós, que nos protege, que pensa em nós, que virá a correr quando dizemos que temos saudades que será o nosso porto de abrigo... pois... é bom sem dúvida mas estamos mais propensos à dor, à mágoa, porque a partir desse momento estamos a dizer a alguém que a nossa felicidade não depende só de nós mas também de alguém... J E é disso que tenho medo, e é nessa paragem que não quero sair, ás vezes quero outras vezes não quero, é impressionante o que a vida faz connosco... Mas se à algo que nunca esqueço foi o que alguém me disse um dia... “Quem gostar de ti, gostará pelo que és, pelos teus medos, pelos teus anseios, pelo teu sorriso, pelas tuas virtudes e pela pessoa que és, quem gosta de verdade não se deixa abater por todas as dificuldades que lhe possas mostrar, lutará, compreenderá, e saberá respeitar-te e ai sim vais descobrir que vais querer sair nessa paragem que se chama... FELICIDADE” Vanda

2 comentários:

José Martins disse...

"A manhã é extremamente inspiradora, começo a não ter dúvidas disso... Peço todos os dias ao deitar que algo ou alguém superior a mim, que me guie em meu caminho que me afaste dos que não me querem bem, e que traga até mim todos os seres de luz, aqueles que passamos uma vida a procurar e que por vezes são tão difíceis de achar..."

Lindo começo. :-)
E dizes tu que não escrevias. Ainda bem que arranjaste este blog. Parabéns e obrigado pelos pensamentos! ;-)

Baldur disse...

Ter medo de amar, ter medo da felecidade...é fugir de nós proprios, nós fomos feitos com amor num momento de felecidade... Existe uma grande controversia uns tem medo da solidão, outros tem medo de amar...eu prefiro estar num intermedio...

Muitas vezes nao damos valor ao que temos, porque queremos mais, e quando perdemos, percebemos que afinal o que tinhamos era bom...o sentimento de perda faz nos dar valor ao que é importante e nao a futilidade...

Deixa esse comboio do medo e entra no da aventura do amor...nao tenhas medo amar!

O amor transforma!

Beijokas fofas...